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Poster
Todas as narrativas podem ser consideradas ficções. Podem ser fruto do desejo, do abandono e alienação de si mesmo, de construção de um comum... São muitas vezes o prolongamento redundante de acontecimentos onde os personagens são entidades fictícias. Quem conta uma história, pode sempre fingir descrever acontecimentos efetivos ou referir-se a personagens reais.
Através das imagens que Kuaê Gindri nos dá a ver na Mupi Gallery, somos confrontados com aquilo que delas julgamos saber. Sabemos que são cachimbos, cachimbos de crack recolhidos nas ruas de grandes cidades do Brasil. Mas não são meros objetos utilitários, são entes que falam por si mesmos.
As histórias que nos contam não são a ilusão de outro mundo, pois já renunciaram ao que podiam renunciar. Estão confinadas a um destino do seu pensamento. Talvez se refiram ao que nos diz Camus: “Joga-se em mitos, sem dúvida – mas mitos sem outra profundidade que não seja a dor humana e, como ela inesgotáveis. Não a fábula divina que diverte e cega, mas o rosto, o gesto e o drama terrestres em que se resumem uma difícil sageza e um pensamento sem amanhã.”
Em O mito de Sísifo. Ensaio sobre o absurdo. Camus (2013:121).
Texto de Trapo
Bio:
Kauê Gindri nasceu no Brasil em Porto Alegre, em 1989. Vive e trabalha no Porto. Licenciado pela Faculdade de Artes visuais de Santa Maria (UFSM), Brasil. Atualmente frequenta o Mestrado em Artes Plásticas da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) .